Resenha | Uma mulher no escuro (Raphael Montes)

Uma mulher no escuro
Raphael Montes
R$ 38,67 até R$ 39,92
ISBN-13: 9788535931761
ISBN-10: 8535931767
Ano: 2019 / Páginas: 256
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras
Um crime brutal cometido há vinte anos, uma única sobrevivente, o retorno calculado do assassino. Em quem Victoria deve confiar? Neste thriller psicológico, Raphael Montes une romance e suspense em uma narrativa intrincada e sedutora.
Victoria Bravo tinha quatro anos quando um homem invadiu sua casa e matou sua família a facadas, pichando seus rostos com tinta preta. Única sobrevivente, ela agora é uma jovem solitária e tímida, com pesadelos frequentes e sérias dificuldades para se relacionar. Seu refúgio é ficar em casa e observar a vida alheia pelas janelas do apartamento onde mora, na Lapa, Rio de Janeiro.
Mas o passado bate à sua porta, e ela não sabe mais em quem pode confiar. Obrigada a enfrentar sua própria tragédia, Victoria embarca em uma jornada de amadurecimento e descoberta que a levará a zonas obscuras, mas também revelará as possibilidades do amor. Um psiquiatra, um amigo feito pela internet e um possível namorado — qual dos três homens está usando tudo o que sabe para aterrorizar a vida de Vic? E o que afinal ele quer com ela?
Na literatura nacional, Raphael Montes é unanimidade quando se trata de livros de suspense. Uma Mulher no Escuro traz sua primeira protagonista feminina e confirma o autor como um dos mais originais da atualidade — além de deixar o leitor intrigado do começo ao fim.


Uma mulher no escuro foi minha última leitura de agosto, enquanto ia para a Bienal do Livro do RJ. Foi o único livro que eu levei para o RJ para que fosse autografado, por motivos de que sou muito fã do Raphael Montes. 

A história é sobre Victoria, uma garota que teve os pais e o irmão mais velho assassinados quando ela tinha apenas 4 anos de idade. O assassino entrou em sua casa à noite, esfaqueou-os e pichou seus rostos de preto. O crime ganhou proporções nacionais e desde então Victoria tenta fugir dos holofotes. Victoria cresceu com problemas de sociabilidade, não preciso nem falar que ela tinha problemas em se relacionar com qualquer pessoa que não fosse sua tia, quem lhe criou. As outras duas pessoas com quem Vic tem algo próximo de uma amizade são seu Psiquiatra, Dr. Max, e um amigo que ela fez pela internet, o Arroz. 

Victoria passa os dias trabalhando num Café que é de um conhecido de sua tia, que lhe deu este emprego mesmo ela sendo um pouco esquisita, e quando não está no trabalho, passa o tempo todo observando a vida das pessoas através da janela de seu apartamento. Um dia ela nota a presença de um rapaz no café em que trabalha. Ele parece estar sempre escrevendo algo e então seus olhares se cruzam, e ele resolve puxar conversa com ela sobre assuntos aleatórios. Seu nome é Georges, ele é escritor. E então ali nasce uma amizade, que acaba evoluindo para um romance. 

Um dia, Victoria chega em casa e nota que seu apartamento foi arrombado, e ela encontrou uma pichação na parede escrito 'Vamos brincar?'. A garota acha que o Pichador pode estar de volta, mas o que será que ele quer? Será que ele quer terminar o serviço e matá-la? E por que será que ele a deixou viva vinte anos atrás? Victoria, que já tinha até feito certo progresso, de repente se fecha em seu mundo novamente, reforça a segurança de sua casa e vai à polícia. Nessa ida ela acaba descobrindo coisas sobre o crime que mudou pra sempre sua vida e terá que lidar com traumas de seu passado que a afetam até os dias atuais. 

O suspense é eletrizante, pois nós temos vislumbres do assassino e o que ele está pensando e quais as suas possíveis intenções, também temos acesso ao diário do assassino desde que ele era criança. É muito assustador ver a transformação dele de uma criança doce e sadia em uma pessoa perturbada, e principalmente pela forma como tudo se deu, é tudo tão real e tudo tão possível que a gente fica louca imaginando 'e se fosse meu filho'? 

Confesso que eu adivinhei algumas coisas, inclusive quem era o assassino, mas outras coisas realmente foram um choque, e tomei um soco no estômago com tantas outras coisas. Raphael construiu uma protagonista extremamente ferrada, complexa e pouco confiável, mas totalmente verossímil. Eu fiquei o tempo todo tentando me colocar no lugar dela, e sinceramente, Deus que me perdoe, mas acho que eu teria tirado minha própria vida, ou pelo menos tentado. E como se não bastasse crescer com o estigma de ser a sobrevivente do crime do Pichador, descobrir as motivações do assassino e como ele planejou e executou a sua volta, foi perturbador. 

Não há só um plot twist, há vários e em todos eles Raphael Montes acha engraçado desgraçar a cabeça da gente e desconstruir tudo que achamos que tava acontecendo. A leitura fica frenética a partir de mais ou menos a metade do livro, e então é impossível largar. Gostei muito da leitura de Uma mulher no escuro e achei que o autor conseguiu costurar o enredo perfeitamente para que nada ficasse sem resposta. Recomendo pra quem gosta de suspenses, mas pra quem tem gatilho com abuso, acho melhor não pegar. Mais um livro do Raphael pra conta, sensacional! Amei! 


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