Resenha | A metade sombria (Stephen King)

A Metade Sombria
Biblioteca Stephen King
Stephen King
R$ 57,72
ISBN-13: 9788556510778
ISBN-10: 8556510779
Ano: 2019 / Páginas: 464
Idioma: português
Editora: Suma

Após anos esgotado no Brasil, A Metade Sombria volta às livrarias como parte da Biblioteca Stephen King, coleção de clássicos do mestre do terror em edição especial com capa dura e conteúdo extra.
Criar George Stark foi fácil. Se livrar dele, nem tanto. Há anos, Thad Beaumont vem escrevendo, sob o pseudônimo George Stark, thrillers violentos que pagam as contas da família, mas não são considerados “livros sérios” pelo escritor. Quando um jornalista ameaça expor o segredo, Thad decide abrir o jogo primeiro, e dá um fim público ao pseudônimo. Beaumont volta a escrever sob o próprio nome, e seu alter ego ameaçador está definitivamente enterrado. Tudo vai bem. Até que uma série de assassinatos tem início, e todas as pistas apontam para Thad. Ele gostaria de poder dizer que é inocente, que não participou dos atos monstruosos acontecendo ao seu redor. Mas a verdade é que George Stark não ficou feliz de ser dispensado tão facilmente, e está de volta para perseguir os responsáveis por sua morte.

Bom, estou meio perdida sobre como começar esta resenha porque esse livro é um desgraçamento total de mentes. Não consigo acreditar que eu deixei ele tanto tempo na estante (o original, a metade negra) e resolvi só ler agora, esta edição da Biblioteca Stephen King, que diga-se de passagem está SENSACIONAL. Estive em uma ressaca literária braba e adivinha só quem me tirou dela? S. King, com "Ascensão" que também se passa em Castle Rock. Mas esta é uma das próximas resenhas, agora é hora de falar sobre esse livro que desgraçou minha cabeça lindamente, adorei. 

A metade sombria foi publicado originalmente em 1989 e o título original é "A metade negra", que a Suma adaptou para sombria, que é, digamos, politicamente correto. É importante destacar o momento em que o autor estava vivendo na época, este foi o último livro que S. King escreveu estando sob uso de drogas, depois deste ele largou o vício. Então o leitor pode esperar um nível de ódio, violência e brutalidade acima do normal. 

A trama é de certa forma autobiográfica, quem é fã do King sabe que ele teve um pseudônimo chamado Richard Bachman, cujos livros publicados com este nome, eram muito violentos e brutais, tanto é que alguns foram até banidos de bibliotecas ao redor do mundo, como o caso de "Fúria", e o próprio King acha essa história desgraçada, tanto é que ela não foi mais reimpressa e a obra é tão rara que se você buscar "Os livros de Bachman" na estante virtual ou mercado livre, encontrará por quase mil reais! Bachman "morreu" em 1988 quando descobriu-se que King e Bachman eram a mesma pessoa. Qualquer semelhança com este livro não é mera coincidência. 

Mas já divaguei demais, vamos ao que interessa. A história é sobre Thad Beaumont, que aos onze anos passou por uma cirurgia no cérebro para remoção de um tumor (história "oficial" que foi dita aos pais de Thad, mas se você ler o prólogo vai dizer: WHAT THE HELL?!), porque o garoto sentia muitas dores de cabeça e ouvia sons de pássaros, que ninguém mais ouvia. Depois da cirurgia ele parou de sentir as dores de cabeça e conseguia viver uma vida normal, casou, teve filhos etc. 

Thad sempre gostou de escrever, e assim se tornou um escritor, porém seus livros nunca se tornaram famosos, e então ele resolveu criar um pseudônimo, George Stark, e começou a escrever thrillers violentos assinando como George Stark. Os livros protagonizados por Alex Machine de repente se tornaram best-selles, e Thad resolveu manter segredo e continuar ganhando muito dinheiro com seu 'alter ego'. Sua esposa odiava George Stark, pois Thad parecia realmente assumir outra personalidade quando escrevia como Stark. Então um jornalista intrometido descobriu que Stark e Beaumont eram a mesma pessoa e ameaçou expor o autor. Mas antes que isso acontecesse, Thad procurou uma revista famosa e ele mesmo revelou tudo em uma super matéria, onde eles fizeram até um funeral para George Stark, com lápide e tudo. 

Filme "The Dark Half" de George A. Romero, 1993

Só que as coisas começaram a ficar bem sinistras, pois uma série de assassinatos brutais começou a acontecer e todas as evidências apontavam para quem? Thad Beaumont! Só que Thad tinha álibis incontestáveis, apesar de suas digitais terem sido encontradas nas cenas dos crimes. Thad sabia o que estava acontecendo... era Stark querendo voltar e se vingar de todos que estavam envolvidos em sua "morte", começando pelo fotógrafo e repórter. Thad sabe que ele e sua família também correm perigo...

Amadohs? As primeiras 77 páginas dessa história são meio lentas e muito cheias de descrições, que às vezes parecem desnecessárias, mas quem já conhece o estilo do autor sabe que os livros dele são assim mesmo e que toda essa prolixidade tornam a narrativa mais verossímil na medida do "possível". Gosto quando ele conta histórias dos personagens secundários pois faz com que nos aproximemos deles, sintamos empatia e até nos conectamos com eles. Tem quem não goste, eu gosto. 

Quando as mortes começam a acontecer e as pistas apontam para Thad, que mesmo tendo álibis perfeitos, não consegue explicar como isso pode estar acontecendo, lembrei muito de Outsider, que li primeiro que A metade sombria. A gente não sabe se é de fato uma criatura sobrenatural que está matando em nome de George Stark, se é um "imitador", pois as mortes acontecem tais quais estão descritas nos livros de Stark, ou se é Thad que pirou na batatinha e não consegue superar o fato de ter dado um fim ao seu alter ego. É tudo muito visceral e é por isso que assusta. Não é o sobrenatural que assusta, é a maldade, a violência, a brutalidade. Então se você não gosta de violência em sua forma mais crua, passe longe deste livro. Mas A metade sombria é um presente para os fãs do autor e pra quem gosta de revisitar Castle Rock sempre que possível. Ah, o posfácio é MASSA! Recomendo demais!

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